segunda-feira, 6 de abril de 2015

Amores Contidos



Senta-te ao meu lado, deixe que te faça uma pergunta com meus olhos fitos na tua negra máscara. Leve-me em tuas acrobacias para ouvir no tilintar de seus guizos a resposta... Quantos amores caberiam em um parque? Haveria espaço? Quantas voltas poderia caminhar? Haveria tempo? Quantas manhãs? Quantas tardes? Quantas noites disponíveis?  Seria seguro? Quem ameaçaria o cultivo de amores no parque? 

Suas dimensões são mistério para mim. Mas sei que não esgotei sua capacidade, quanto me resta? Nenhuma fria manhã recém nascida negou meus amores, nenhuma tarde ensolarada e nenhuma noite deixou de se alongar para abrigar meus amores. Até mesmo os amores que não chegaram a teus portões foram abrigados.

Fosse ao som de harmoniosa melodia. De reveladoras confissões. De uma grande adrenalina seguida de um salto desajeitado e um delicado movimento rasteiro. De passos tranquilos. De corridas ousadas. De silêncios. De pele tocando a outra por descuido ou por um movimento calculado, ou ainda, um toque por um movimento incontrolável. Carinhosamente, cada um foi recebido como único, como se tivesse todo espaço disponível para preencher.

Com generosidade o parque se ajusta, hoje depois de fazer caber tantos amores volto ao primeiro. Regresso a meu primeiro amor, o que numa tranquila e longa caminhada segura minha mão, protege meus passos de cada pensamento que ameace a tranquilidade do passeio. Assim, cada passo que dou não calcula seu destino, mas se deixa guiar, se entrega a surpresa.

Parque, revele meus amores para que eu possa dar a mão ao meu primeiro, retorno a ti como nos primórdios de minhas caminhadas, mas com todo o chão caminhado.

Arlequim? (Tilintar de guizos)


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