sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Barro. Existir. Anjo. Ela.



Arlequim, seja hoje a plateia. Hoje improsivo eu o espetáculo.
Risos e guizos!
Registro uma declaração tardia. Demorei a ter consciência do que sou feita. Daquilo que me compõe e não vejo, não sinto, mas sou. Não há negativa que me dê álibi para a fuga. Sou fruto de várias combinações, o que me compõe é o que sou.
E sou barro. Pó com água. Sou neta de uma mulher forte, uma que sofreu e ainda assim conservou o amor. Que com a sua generosidade garantiu minha existência. Que apesar de mim me amou e se preocupou comigo. Até o fim me amou.
Hoje, me restou teu filtro de barro. Que é pra eu sentir o gosto da minha existência a cada gole. Que é pra eu lembrar de onde vim e pra onde vou. Que é um presente seu. Que é pra eu lembrar que sou composta de uma mulher forte capaz de amar.
Hoje, cuido para que o filtro não seque. Que o barro esteja vivo. Que o que me compõe nunca morra dentro de mim.
Sou neta de uma mulher que tinha nome de mãe, que tinha nome de anjo, que me tinha amor. Hoje, ela é um anjo e só espero que ela saiba que tenho amor por ela.

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